Causa-me espécie ver, ouvir ou ler sobre evangélicos que defendem abusos os mais diversos, e muitas vezes, os exemplificam na sua forma de viver.
Abusos têm a ver com atos ou efeitos de abusar; com o uso incorreto, ilegítimo, excessivo ou imoderado do poder, de coisas (na alimentação, por exemplo, ou na direção de um veículo) e de pessoas. E tem a ver, sempre, com a falta de comedimento, com exorbitar e transgredir limites éticos, legais ou, simplesmente, morais. Daí é que vem à baila a prática a ser combatida por toda a sociedade brasileira e pelos cristãos, principalmente, dos abusos de poder de autoridades diversas, coisa tão comum na vida brasileira.
Compreendendo o que sejam abusos, cometidos por quem quer que seja, não dá para entender que políticos cristãos evangélicos movam-se até o STF para dizer ao juiz Edson Fachin, inoportuna e impensadamente, que se opõem a uma justa e relevante questão por ele levantada e sugerida ao TSE, para que atente aos casos de abuso de poder religioso e os punam devidamente. E insinuaram que o magistrado estava praticando "ativismo judicial".
Tais políticos, da questionável "bancada evangélica", indo ao Dr Fachin, agiram de forma inoportuna, pois sua posição é descabida e não respeita a ética cristã e o testemunho de probidade e respeito às leis que deles é esperado. Fizeram-no impensadamente, pois com isso ficou evidenciado que temer ser prejudicados se tão excelente ideia começar a ser praticada logo nas eleições de novembro próximo. Em outras palavras e sem que o quisessem, disseram-se praticantes do abuso de poder eleitoral que o Dr. Fachin quer evitar e, se praticado, punir.
Abusos de poder eleitoral são praticado, em cada eleição, de modo especial pelas igrejas(especialmente as pentecostais e neopentecostais, com seus "donos"), em cujo meio prevalece uma cultura extremamente autoritária que dá sua contribuição decisiva para que sejam praticados tais abusos que afetam muito mais a dimensão institucional das igrejas onde são praticados.
Este mesmo autoritarismo (sempre diabólico) abre largos espaços para que se pratiquem também os chamados "abusos espirituais", estes atingindo pessoas e lhes impondo o silêncio (obsequioso ou forçado, sob ameças), a exploração financeira e, até mesmo, libidinosa e sexual.
Quem não já assistiu muitas práticas eleitorais vergonhosas de igrejas as mais diversas? Quem ainda não sabe que as estruturas, a logística, o pessoal e templos de algumas igrejas são usados, ao arrepio da lei, em benefício de políticos seus membros, ou de candidatos escolhidos por líderes. Quem não ouviu falar, ainda, de negociatas vergonhosas e preços nunca revelados que envolvem tais "apoios desinteressados"?
Pelo bem de eleições limpas e resultados justos, dentro da normalidade legal e, principalmente, pelo bem do respeito às leis e à ética cristã em nossas igrejas (todas elas), gostei das ideias preliminares sobre o assunto em foco, levantadas pelo Ministro Fachin, e espero que, levadas ao TSE, elas possam possam ser aplicadas e balizar, qualificando-as, já as eleições de novembro deste ano de 2020.
Foi abuso de poder, sou liminarmente contra! E você?
Pastor Torres
https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,em-reuniao-com-fachin-evangelicos-afirmam-que-punir-abuso-de-poder-religioso-e-ativismo-judicial,70003389092