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VOCÊ VAI ATIRAR NA GENTE?

Artigo de José Carlos Tores, pastor da Igreja Batista no Rio de Janeiro.

Publicada em 07/06/20 às 06:06h - 478 visualizações

Pastor José Carlos Torres


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VOCÊ  VAI ATIRAR NA GENTE?
 (Foto: Portal de Notícias Viaje Sergipe)
“VOCÊ VAI ATIRAR NA GENTE?”
Isso é muito triste, muito grave e muito perigoso!

Levada pelos pais para estar em um protesto pela justiça e o fim do preconceito racial estrutural relacionado à execução, pela polícia, do negro George Floyd, uma criança negra chamada Simone Bartee, de apenas 5 anos, com a simplicidade e espontaneidade que caracteriza pessoas em sua idade, e também com o medo que lhe causou a aproximação de um policial, chorando, lhe perguntou: “Você vai atirar na gente?
O comportamento do policial, como você pode também ver com um clique no box abaixo, foi exemplar e me impactou positivamente, com seu abraço afetuoso na criança e em dizer que estava ali para protegê-la e aos que participavam da manifestação. Isso foi muito positivo e marcou diferença entre ele e muitos outros policiais do mal, mesmo que seu gesto tenha sido praticado diante de muitas pessoas e câmeras fotográficas.
Mas, o que mais me despertou atenção, na reportagem anexa, foi a pergunta da Simone, nos seus 5 aninhos, e nas tristes, graves e perigosas implicações de suas tão poucas palavras, como passo a expor.
Isso é muito trise! Quando Simone, em sua tão tenra idade, perguntou ao policial, “você vai atirar em nós?”, logo se percebe que a questão por ela levantada é mais que uma pergunta somente dela, mas sim uma imagem, infelizmente, que muitos maus policiais e uma justiça conivente com seus delitos foram assentando na mente da população americana e que, hoje, é muito forte em sua cultura e, de modo similar, na sociedade brasileira.
Isso é muito grave! Pois a morte de George Floyd é algo há poucos dias, e não foi por tiros de policiais! Assim, a ideia de uma polícia perigosa e sem compromisso com a vida é algo bem mais profundo que uma memória bem recente e, além de denunciar o visível traço de violência, especialmente contra pobres e negros, que caracteriza polícias e estados que se omitem quanto aos seus abusos e com isso vão fortalecendo uma imagem tão negativa de forças que deveriam existir para proteger a todos, de modo especial a vida de todos. 
Quando isso, nos EUA e no Brasil, se transformou em um forte traço cultural da sociedade, de sua polícia de seus tribunais e de seus governos, fica exposto, diante dos nossos olhos e cruelmente como é grave este problema, chegado a este estágio que ora denunciamos.
Isso é muito perigoso! E o é porque já foram transpostos muitos limites que possibilitariam uma apreciação mais objetiva, sábia e bem fundamentada do ponto de vista da sociologia, da política e, até, infelizmente, das religiões. Ao se tornarem culturais, procedimentos violentos e matadores, de polícias e muitos policiais que as compõem, foram sendo considerados “naturais”, “banais”, na linha do que Hannah Arendt definiu como a “banalidade do mal”. Hoje, a superação deste problema exige muito mais tempo, informações cientificamente fundamentadas, recursos financeiros, recursos humanos com uma diferente mentalidade e um processo educativo que leve a tanto, somados a  um conjunto de vontades políticas voltadas para isso e de políticas públicas consistentes para vigorarem em curto, médio e longos prazos.
Isso é muito perigoso! Principalmente para os pobres, os negros, os favelados e outras minorias, em razão do racismo estrutural e cultural existentes no Brasil, nos EUA e em quase qualquer outra sociedade humana que não se tenha voltado para superar tão ignominiosa chaga social e cultural. E não superar este problema sistêmico revelado na aparentemente simples pergunta da menina Simone, é aceitar como desejável, queiramos ou não, polícias e policiais que sejam a parte visível de um necro- estado e de uma necro-política, que dão a aparência de que, como consequência, essas são as suas principais funções:
- Proteger as autoridades, os ricos e os poderosos, cuidando de suas vidas e bens, sem jamais apontar-lhes armas e ameaçá-los de morte.
- Garantir também a proteção e a segurança mais completa possível das áreas, bairros e condomínios de luxo em que residam autoridades, ricos e poderosos.
- Traçar uma linha imaginária, em qualquer cidade, que seja também um marco divisor entre a sua  que merece e terá tudo o que de melhor o Estado e sua força policial possam oferecer, E O RESTO(!), ou seja, uma área muitíssimo maior fisicamente e ainda mais muitíssimo maior populacionalmente, em que serão oferecidos poucos e os piores serviços do Estado e de sua polícia, na forma mais desumana possível.
- Impor o terror da morte e de prisões injustas entre os pobres, negros, favelados e todos os moradores de periferias de grandes cidades, de tal modo que a presença da polícia seja sempre vista como uma grande ameaça, a chegada de forças infernalmente desumanas e, com certeza, a morte de inocentes ou de pessoas que, se culpáveis, por respeito à vida e às leis, deveriam ser presas e ir ao julgamento dos tribunais. A não ser que consagremos a falsa verdade de que polícias existem para atirar e matar pobres, negros e favelados, como pensava a menina Simone, ou que desejamos entrega-los ao domínio do crime organizado.
Isso é muito triste, muito grave e muito perigoso!Por isso e para que não se torne um problema maior e de quase impossível superação, é de urgência urgentíssima que a sociedade organizada lidere um movimento pela reinvenção do Estado e, dentro dele, das suas forças repressoras e policiais. Antes que seja tarde!
Pastor Torres



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