No dia 16 de abril, o governador de Sergipe editou novo Decreto de nº 40.570/2020, prorrogando as diretrizes que deverão ser seguidas pelos Sergipanos no enfrentamento da pandemia causada pelo coronavírus. Como líder maior do Estado, ele tem que tomar decisões que nos afetam e afetarão no futuro, que agradarão alguns e desagradarão a outros, mas como timoneiro não pode se omitir.
Somos favoráveis que se mantenha o isolamento até com maior rigidez, pois não queremos ver pessoas morrerem por falta de leitos suficientes para atender a sociedade, e ver médicos obrigados a fazer a escolha entre esse ou aquele paciente por falta de capacidade instalada para atendimento de todos indistintamente.
Estamos vendo diariamente, via meios de comunicação, a proliferação do vírus e as soluções adotadas mundo afora. Percebe-se que onde o isolamento foi ignorado, a proliferação saiu do controle das autoridades, a exemplo da Itália, Espanha e Estados Unidos, para focar somente em países que são desenvolvidos. Já nos subdesenvolvidos, o melhor exemplo é o Equador, onde corpos fétidos e em decomposição estão sendo jogados nas ruas.
Apoiamos o governador desde o primeiro momento, quando juntamente com o alcaide tomaram as primeiras medidas de combate a pandemia, mas como nem tudo é perfeito, as vezes também desagradam ou geram perplexidade.
Quanto a desagradar, é visível, infelizmente, que parte do empresariado não aceita essas medidas, pois acreditam que estão sendo prejudicados, que não precisava ser dessa forma, que se continuar assim a economia vai quebrar. Para esses, o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, ainda no mês de março, falou para país e diretamente para os empresários que nessa crise humanitária, eles não se preocupassem em perder 15, 20, 30 por cento de suas riquezas, porque o mais importante era salvar vidas.
Defendemos intransigentemente que o isolamento continue até que tenhamos a certeza que a proliferação tenha diminuído, mas que algumas atividades possam, mesmo que precariamente continuar funcionando, a exemplo de feiras livres somente para alimentos e com regras de distanciamento, serviço de delivery, e uma ou outra atividade que não cause aglomeração e seja realmente essencial.
Já na questão da perplexidade, notamos que o decreto libera: ” Art. 2º - I – hotéis, motéis e pousadas, sendo vedado o funcionamento das áreas comuns de lazer, os restaurantes, bares e salas de auditório; ... IV - concessionárias de veículos;”. Que pressão governador! Se todos eventos, feiras, congressos, passeios foram cancelados no Brasil todo, como essas atividades funcionarão? Qual a essencialidade?
Nessa toada, chama atenção a inclusão dos motéis nessa liberação. Perguntamos se essa atividade é realmente essencial? A outra pergunta é como se portarão os frequentadores já que o decreto determina o seguinte: “ III - limitação do número de clientes a 01 (uma) pessoa a cada 5 m² (cinco metros quadrados) do estabelecimento, com fixação de barras visuais de distanciamento;”. É isso mesmo governador? Os amantes ficarão separados nessa distância para evitar a contaminação?
Governador, como senhor vai explicar para as demais atividades que estão proibidas, a exemplo das igrejas, que orar não pode por causa da aglomeração, mas dar uma escapadinha, que provavelmente não manterá a distância estabelecida no decreto, pode?