É incrível e absurdamente vergonhosa e desumana a forma como as populações e comunidades pobre da cidade do Rio de Janeiro e sua região metropolitana é tratada pelos agentes públicos deste Estado, especialmente pelas forças policiais.
Antes de ontem, alguns jornais noticiaram a morte de três pessoas, todas pobres, "por balas perdidas", as três também moradoras em áreas empobrecidas, em meio a burras e inconvenientes operações policiais.
Hoje, a notícia, enfocada na reportagem anexa, fala de novas e também desastradas e burras operações policiais, resultaram em14 mortos e a suspensão das aulas de seis escolas, nas três áreas afetadas: Morro do Juramento e Complexo da Maré, na Zona Norte da cidade do Rio e, também, no Morro do Estado, em Niterói.
Como você pode ver num simples passar de olhos pela reportagem que pode ser acessada com um clique na imagem abaixo, as três mortais operações, como outras tantas que são notícias todos os dias, aconteceram em áreas pobres e de população maiormente de pele negra, como são também a maioria dos que dos agentes que fazem a PM-RJ.
Há alguma maldição nisso? Alguma vontade que ultrapasse os limites do humano, ou da sociedade e dos dirigentes políticos do Rio de Janeiro?
É claro que não. Isso obedece à lógica de que os pobres habitantes dessa áreas empobrecidas e consideradas marginais nada valem e são uma espécie de refugo social, de lixo humano, à margem de qualquer consideração quanto ao seu valor e importância para o conjunto da sociedade da qual, ao menos teoricamente, são parte.
Procure, com lupa e microscópio, quantas vezes esta mesma polícia entrou atirando em áreas vista como nobres e onde vivem pessoas, estas sim, consideradas dignas de respeito e de tratamento bom e humano. Você não as encontrará.
Com a palavra, para dar resposta a isso, pelo menos quatro atores da vida pública:
- O Governo do Estado e sua Secretaria de (in)Segurança Pública, responsáveis que são pela segurança de todos os cidadãos, pobres e ricos, brancos e negros, hétero e homossexuais, todos cidadãos e contribuintes, na medida das suas possibilidades.
- A Polícia Militar, cujos componentes em sua maioria têm origem em famílias pobres, cujos mortos, por suas inconsequentes e tão desumanas operações, provêm dos mesmo meio socio-econômico dos policiais em suas fileiras.
- A sociedade carioca, assistente desses massacres que se repetem e, por sua indiferente omissão diante de fatos tão graves, também igualmente responsável.
- Os políticos, lideranças empresariais e outras da cidade que, a tudo isso assistem de modo indiferente, pois assim pensam, não lhes atinge diretamente. Criminosos, estes, por omissão.
- As igrejas cristãs da nossa cidade. Estas, por mandato divino que as chama para ser sal e luz, consciente do valor inexcedível de uma vida humana para Deus, e do amor que por elas ele tem, ao se calarem diante de tamanha injustiça e tão grandes atrocidades, se juntam também ao que podem ser responsabilizados, agora diante de Deus, por tudo isso que avilta nosso senso de humanidade e a qualidade do que anunciamos ser o nosso compromisso com o Deus de amor, de justiça, de solidariedade e de paz.
Basta de tantos massacres e de tantas vítimas! Basta de tanto silêncio e omissão igualmente criminosos.
Pastor Torres