[20:23, 08/03/2022] José Carlos Torres Pr: Inicio, com esta postagem, uma série de reflexões sobre fé cristã e vida cristã, esperando que sirvam de ajuda na atualização do que nós pensamos e pregamos sobre o tema anunciado e, ainda, na necessária reconstrução da nossa identidade e da nossa unidade, com outros cristãos, neste tempo novo que estamos vivendo.
No início desta série, considerarei o que considero essencial na construção da nossa identidade, como discípulos de Cristo, isto é, a compreensão que temos de nós mesmos, a partir de como nos definimos e nos identificamos diante da pergunta: você é um crente, ou um cristão?
CRENTE, OU CRISTÃO? (1)
Uma das classes de preparação para o batismo que tenho vivido com aqueles que desejam ser batizados tem seu programa de estudos estruturado na forma de perguntas e respostas simples.
A primeira pergunta levantada é esta: você é um crente, ou você é um cristão? E ela é feita com o propósito de levar o novo discípulo de Jesus a refletir sobre a especificidade da sua fé, ou seja, sobre como ela se diferencia de outras afirmações de fé professadas.
Na cultura do universo evangélico, em desacordo com o pensamento bíblico, para afastar a "ameaça" de ecumenismo e sob a influência de um fundamentalismo baseado na tradição e numa práxis que beira o extremismo e dispensa a inteligência e o compromisso com as verdades neotestamentárias fundamentais, ser crente é visto como igual a ser cristão. E ainda, se necessária a escolha para definir o que somos, a partir da nossa fé, fiquemos com a palavra "crente" como caracterizadora do seguidor de Jesus.
Foi com argumentos eivados das marcas acima referidas que a Convenção Batista Brasileira, por exemplo, em Assembleia Geral para ser esquecida, recusou-se a definir explicitamente, já em seu nome, seu programa de educação como cristão, preferindo chamá-lo pelo indefinido e ambíguo título de Programa de Educação Religiosa. A opção referida privilegiou a expressão "educação religiosa”, em detrimento do nome “educação cristã, que revelaria a verdadeira natureza espiritual dos batistas, para os quais o ser cristão precede o ser batista.
Crente é qualquer pessoa que creia em alguma coisa. Certo? Se assim é, existem crentes cuja especificidade da sua fé não os leva a se definirem como cristãos. Há, também, aqueles que creem até no diabo, e os que acreditam que Deus não existe e sob a influência dessas suas crenças pensam e vivem.
O cristão é um crente diferenciado, como qualquer outro que diga abraçar outra determinada crença. Ele não é cristão apenas porque é crente e, assim, crê.
Ele o é, a partir do momento em que, acima e apesar de influências pessoais e da cultura da sociedade em que está radicado, é consciente da revelação de Deus em Cristo; afirma convictamente que Jesus é o filho de Deus, seu Salvador e seu Senhor; e crê em Deus conforme a revelação que, do Pai mesmo, Jesus nos trouxe; e orientado pelos seus ensinos procura viver.
Extremamente esclarecedor, sobre o que acima dissemos, é o diálogo de Jesus e Pedro, citado logo abaixo, conforme registrado em Mateus 16:15-17:
"Disse-lhes Jesus: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo-lhe, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Jesus, então, disse a Pedro: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque esta revelação não te veio por influência da carne (da cultura) ou do sangue (da genética, ou por razões biológicas), mas do meu Pai, que está nos céus."
Igualmente esclarecedor sobre a natureza da fé cristã, onde está sua origem e em que resulta, nesta na afirmação de João 1:11-14:
"Veio (Jesus) para o que era seu, e os seus não o receberam.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade…
[20:24, 08/03/2022] José Carlos Torres Pr: PARABÉNS, MULHERES, TODAS AS MULHERES, NESTE SEU DIA!
A luta pela igualdade de direitos entre mulheres e homens avançou muito. Os cristãos devem receber isso positiva e alegremente, entendendo que, ressalvados os radicalismos e desvios ocorridos, este acontecimento resulta em grande parte da influência dos ensinos do cristianismo sobre o valor da mulher na família, na igreja e na sociedade em geral.
Como discípulos de Jesus, devemos ser isentos de preconceitos e sonhadores com um mundo cada dia mais justo e sem as injustiça que hoje maculam muitos países e grande parte da humanidade. Por isso, a luta das mulheres injustiçadas, agredidas e aviltadas em sua dignidade humana e no seu valor intrínseco como criaturas de Deus, deve ser também uma luta que tomemos como nossa e na qual percebamos o dever cristão e humano de engajar.
Como servos e discípulos de Jesus, ou não, procuremos construir cada dia mais espaços familiares e sociais e ser uma igreja nos quais (espaços e igrejas) não existam preconceitos quaisquer, nem distinção de valor e oportunidades entre homem e mulher, pobres e ricos, negros e brancos, doutos e iletrados, mas sejamos todos um, para afirmação da nossa humanidade e para glória do nosso Deus.
Parabéns, mulheres, todas as mulheres, neste 8 de março de 2022, Dia Internacional da Mulher!
Pastor Torres