Marcados pela ambiguidade que caracteriza o homem e todas as suas criações, os impérios como realidade política e o imperialismo como projeto expansionista de dominação mundial (até onde isso fosse possível) estão presentes, há milênios, na história humana.
Caracterizados também pela ambiguidade de tudo que é criado pela ação do homem, os impérios foram capazes de grandes realizações em campos como a arte, a arquitetura, a ciência e, sobretudo, em tudo que se refere às "artes!!!" e aos desastres das guerras.
Idolatrados, como seus líderes e, por isso mesmo, pouco criticados pelos que se tornaram seus dóceis e obedientes súditos, todos os impérios e figuras imperiais caíram, com o passar do tempo, como resultado da operação conjunta de forças internas e externas de resistência e oposição resultantes do poder exercido de forma autocrática, discricionária e desumana.
Na foto abaixo, um cartaz de uma manifestação popular ocorrida em Nova Délhi, na Índia, no dia 26 de fevereiro, dois dias depois da invasão/massacre que a Rússia está impondo à Ucrânia, e que dizia, com propriedade: "Abaixo os imperialismos dos Estados Unidos e da Rússia", focado justamente nos dois principais responsáveis por esta tragédia, sem esquecer as "contribuições" aportadas pela OTAN e pela própria Ucrânia, para isso.
Na foto, indianos, protestando, pedem o fim de dois dos maiores impérios mundiais do momento. Apoio o pleito deles, querendo que seja pela paz e pela transformação dos mesmos em poderes dirigidos por uma ética humanista, sempre grávida de alguns dos mais legítimos princípios cristãos, como representados neste texto das bem-aventuranças, em Mateus, versos 5 e 9: "Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra... Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus".
Mas, pergunto: como estariam agindo hoje os indianos, e como agirão no futuro se e quando a Índia, que tanto se desenvolve e cresce populacional, econômica e tecnologicamente, se tornar também um império mundial? E quando seu governo vetar, proibir e punir, como faz o russo, hoje, qualquer manifestação contrária ao seu poder sem limites e sem compromisso com o ser humano e a vida?
A China, que já desponta como o mais próximo grande império mundial, hoje se coloca numa posição "descomprometida", em que só aufere os lucros políticos e econômicos disso decorrentes.
A política mundial, como sempre, é um palco para o desfile da hipocrisia, da mentira, de decisões e omissões desumanas e do mais claro cinismo, sem que, em momento algum, a espiritualidade de qualquer das grandes religiões do mundo pudesse alterar este quadro, a não ser para piorá-lo com posições equívocas e alheias aos seus princípios e às lições dos seus grandes mestres, e que somente as desmoralizaram e minam a credibilidade que deve ser, sempre, apesar de um bem intangível, sua maior riqueza, seu maior patrimônio.
Para concluir, e por considerar todos os imperialismos demoníacos, ampliemos o apelo dos indianos e, sem querer a destruição trágica deles, pela guerra, por exemplo, lutemos e trabalhemos pelo fim de todos os impérios e de qualquer ideologia imperialista.
Pastor Torres