Jeremias 29:11
Inicialmente eu preciso afirmar que em minha percepção a política e a religião sempre andaram de mãos dadas. Isso não que dizer que tal relação seja perfeita e que atenda ao ideal de pureza de uma e de outra, não, essa não é uma “santa relação”, mas, admito, tal relação poderá ser uma relação sagrada e benéfica para o conjunto da sociedade, mui especialmente em se tratando da religião cristã evangélica, pois a proposta da religião cristã evangélica é educar o homem para ser bom cidadão, da terra e do céu.
Ora, para que sejamos bons cidadãos nos é imprescindível que experimentemos a inserção social, e a inserção social é, notadamente inserção política. A inserção política dos evangélicos (entendamos: evangélicos na política) deverá ser compreendida como ato legitimo, e nossa motivação há de ser O TORNARMO-NOS INSTRUMENTO DE REALIZAÇÃO SOCIAL DA ESPERANÇA PARA A SOCIEDADE.
Para os evangélicos em especial, a esperança não é apenas uma virtude teologal, algo que nos projeta para a eternidade após a morte. Ela é a expectativa de que Deus fará vir para nós melhores dias ainda mesmo enquanto sofremos as mazelas da vida terrena. Nesse sentido Jesus havia suplicado a Deus por nós, dizendo: não peço que os tire do mundo mas, que os livre do mal.
A ESPERANÇA, como no Velho Testamento, é também o ato de aguardar que Deus faça acontecer coisas buscadas pelo “povo de fé” ao longo da peregrinação terrena. Essa esperança faz que se espere o que parece impossível. É bom lembrar que para o povo judeu, especificamente no Velho Testamento, a teologia ainda não havia desenvolvido a doutrina da salvação da alma, assim sua esperança não era escatológica, o objeto da esperança desse povo era a felicidade na terra. O que se esperava, segundo o VT, era somente que Deus realizasse coisas que promovessem o bem estar do homem na terra.
A doutrina da salvação professada hoje pela cristandade se desenvolveu como sendo esperança e certeza, sim, mas embora reflitamos sobre a esperança da salvação futura, portanto uma esperança escatológica, a ESPERANÇA é também a expressão clara da materialização da fé. Isso quer dizer que a esperança é uma virtude que torna a fé expressa e conhecida no âmbito social em que vivemos. Assim, que tem fé espera Deus agir, não titubea, não se precipita, não se angustia, não desiste medrosamente, não age por desespero, não troca as mãos pelos pés. Persiste, insiste, prossegue, avança, e se aqui as coisas estão difíceis, a esperança o faz acautelar-se em Deus.
Nesse sentido diremos que a inserção política dos evangélicos deverá se dá para que, por meio da política, sejamos instrumentos do ESPERANÇAR. Em meu entender, fazendo assim exercitamos a política da esperança, acreditando que nos é possível termos dias melhores para todos que compõem nossa sociedade. É possível fazer política promovendo o ESPERANÇAR DO POVO, apontando politicas públicas que favoreçam a coletividade com justiça social, demonstrando ser possível a realização das expectativas do povo no que diz respeito às necessidades e ao anseio de felicidade.
Quem tem esperança, espera que Deus nos faça viver dias melhores coletivamente; QUEM TEM ESPERANÇA EM DEUS EXERCE O MINISTÉRIO DO ESPERANÇAR, e o faz contribuindo social e politicamente para que todos sejam alcançados também pela felicidade na terra como coisa possível, acreditando que Deus, utilizando-se da política, realiza coisas que promovem o bem estar do homem na terra, mesmo que sua bênção maior seja a salvação eterna, prêmio máximo pela fidelidade e perseverança da crença no Cristo que a todos salva mediante o perdão de pecados confessados.