Ainda em Jerusalém, e enquanto os líderes dos judeus procuravam uma maneira de como apanhar Jesus para levá-lo preso e assim o silenciar, uma mulher apanhada em adultério foi trazida à presença de Jesus para que ele emitisse um julgamento sobre ela (a história está narrada em Jo 8:1-11).
Muitas questões sobre o texto e o episódio em si poderiam ser levantadas: onde acharam tal mulher? Com quem ela adulterava? E por que seu cúmplice também não fora trazido? Entre outras.
O que importa, contudo, não são tais questões, então não vamos a elas. Devemos observar quais as intenções dissimuladas dos acusadores da mulher e quais as de Jesus e, principalmente, como o Mestre resolveu o impasse.
Não foi o zelo pela lei ou pelas coisas sagradas ou espirituais que moveu a intenção daqueles homens em trazer diante de Jesus aquela mulher. Ela era só um pretexto. Na verdade, eles queriam era uma ocasião para acusar Jesus.
Note a situação embaraçosa na qual eles pretendia enquadrar o Mestre. Se Jesus absolvesse a mulher, incorreria em quebra da lei. Se a julgasse culpada, diminuiriam a força de sua mensagem, de amor, perdão e reconciliação e povo se voltaria contra ele.
Jesus então resolveu a questão mudando o foco do problema. Quem estiver sem pecado que atire a primeira pedra (8:7). A questão não seria qual o pecado daquela mulher, ou quais as consequências deste, mas quem tinha o direito e autoridade para julgá-la.
E então o texto indica que os acusadores começaram a se retirar, um a um, começando pelos mais velhos (8:9). Ficando só Jesus e a mulher.
Foi neste ponto que Jesus demonstrou em sua atitude o que já havia dito a Nicodemos: sua missão era ser o salvador e não o juiz do mundo (leia em Jo 3:17). Esta sim era a vida abundante que ele prometia, uma vida de liberdade do julgo do pecado e expectativa de eternidade (compare Jo 10:10 com 8:36 e 10:28).